segunda-feira, 2 de janeiro de 2012

Pequenas Editoras, Novos Autores e a Ilustração como ferramenta de incremento de vendas e de leitura.

por Tiburcio*

Alberto é um autor desconhecido em busca de editora. Não é necessariamente jovem, mas apenas nunca publicou um livro seu. Alguns artigos, um blog, coisas simples. As dificuldades para Alberto são enormes pois além de ser desconhecido, precisa ter um bom trabalho escrito para vencer os impedimentos naturais e conseguir publicar a sua obra.

José é um editor. Sua editora é pequena e como toda editora desse porte, sofre com as desvantagens em divulgação e falta de capital para imprimir uma grande tiragem. Tem também as dificuldades naturais de atrair para sua casa um autor famoso que seja sinônimo de vendas.

Um dia José conhece o trabalho de Alberto . Ambos ficam felizes, pois o que um escreve o outro deseja editar. Melhor que isso seria se a editora de José pudesse ter uma expectativa maior do retorno e das vendas. Aí então, com certeza fecharia um contrato com o novo e promissor autor!

Mas o que falta a eles? Por que não vão adiante? O “Mercado”, admite José, é cruel com novos autores e pequenas editoras. Isso sem falar nos problemas normais que envolvem a edição de um livro. O designer da casa é competente e o livro ficaria com certeza muito bonito se fosse editado. Mas isso é o bastante? Se fosse possível se ter um it, um algo mais que fizesse os leitores de todas as idades – ou de uma faixa etária específica – se encantarem, não seria melhor? E o que seria isso?

”Vamos fazer um CD, um DVD para ir encartado!” - é uma opção levantada para fazer do livro algo mais atraente, só que esse recurso sai da esfera do livro (papel) e pode ficar caro de produzir.
A Editora como sabemos, é pequena.

Perguntarei então a José e Alberto que tipo de recurso se utiliza desde as mais remotas eras para se promover um texto ou uma idéia. Qual seria? Minha resposta é evidente: É a Ilustração. Eu sou um ilustrador. Me permitam, defender essa idéia portanto.

Durante séculos a grande maioria da população da Europa era analfabeta. E foi nesse contexto, que o Cristianismo baseado em um livro chamado ”A Bíblia” (um grande sucesso de vendas) usou de ilustração para divulgar seus preceitos. Basta entrar em um antiga igreja e lá estão os vitrais que foram concebidos para que os iletrados compreendessem melhor as passagens bíblicas. Sem esse recurso da imagem, tudo ficaria muito abstrato e de difícil assimilação.

Porém hoje não estamos muito longe desse contexto, apesar do volume de alfabetizados ser bem maior. É que esse distanciamento do texto corrido para com o possível leitor se dá em função da alta tecnologia de que dispomos hoje. Ou será que um possível leitor de livro que veja em “AVATAR” (um filme em 3D) algo natural, aceite de bom grado e sem reclamar um livro de 200 páginas de texto corrido? Que dirá comprá-lo! Pode até acontecer, se ele tiver sido educado para tal.
Mas o objetivo de José e sua editora é conseguir leitores novos e ampliar a sua fatia no mercado, e assim vender mais livros. Então, coloquemos nesse livro ilustração: Será que o impacto no jovem leitor não será mais atraente – inclusive para a compra do exemplar quando sair do cinema - já que ele está desacostumado ao texto puro e simples?

Vou um pouco mais além: Um paradigma muito justo – “ O que vende o livro é o design” – eu concordo em parte com ele. Sem design não dá, caímos na questão “avatariana” que mencionei antes. Mas “Design” não implica necessariamente na utilização de ilustração de forma mais exclusiva, muito pelo contrário. É provável que apenas uma fração muito pequena dos designers profissionais recomendem abertamente a utilização de ilustração em livros.
Nesse caso específico eu peço licença e me dirijo a Alberto – o autor – e a José – o editor – que são os maiores interessados no sucesso do livro que pretendem publicar.

O investimento em ilustração é muito pequeno perto do retorno que pode dar em vendas. Ilustração não é um serviço caro de se contratar, o preço varia muito de artista para artista e é possível com um pouco de persistência encontrar fornecedores que encaixem seus preços no seu orçamento. “Vou levar esse porque tem figuras “ é uma frase que vai ser ouvida na livraria quando você colocar ilustração no seu romance, na sua ficção, na sua poesia. O resultado que decorre da utilização de ilustração numa obra vai da riqueza que se agrega à obra, da facilidade do entendimento da mesma, e por fim, um complemento que só a esse recurso é capaz de dar a um livro: o da emoção. Emoção que só um ilustrador interpretativo concebe.

Em tempo: ilustrador interpretativo é aquele ilustrador que gosta de ler, por isso lê a obra e a ilustra com riqueza de sentimento e detalhes.
Nesse caso, estou falando não de uma ilustração decorativa para enfeitar o livro, mas de duas artes independentes – o texto e a ilustração – em um dueto afinado, encantando o leitor com suas vozes em uníssono.

Vamos vender livros? 

(*) Tiburcio é ilustrador, quadrinista e ocasionalmente escreve sobre quadrinhos e ilustração.
Este texto foi publicado originalmente no antigo Tiburcio Illustrator Blog em 2010.

2 comentários:

  1. Tiburcio, gostei muito da postagem! Até por me identificar plenamente com vc e seu trabalho.
    Abraço e continue daí que continuo daqui!

    J. Lima - http://ilustradorjlima.blogspot.com/

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  2. Valeu, J.Lima. Breve teremos outros artigos - alguns antigos mas pertinentes - para ajudar a vender as vantagens do uso de ilustração.

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